Para!

 Respira fundo e liberta-te dessas correntes que te amarram há 58 anos

São estas as palavras que eu tantas e tantas vezes repito a mim mesma nestes últimos tempos.

levantei-me às 18:00 mas já estava semi acordada desde as 16:00, obriguei-me a erguer o meu corpo da cama e a vir cá para baixo e ir apanhar a roupa e ao mesmo preparar o meu "pequeno-almoço" sim porque eu sou diferente da maior parte da restante população humana, enquanto os normais dormem eu estou acordada e enquanto esses mesmos normais estão acordados e com  vidas activas, eu durmo.

Depois de apanhar a roupa e preparar o "pequeno-almoço" vim-me sentar à frente do computador que já estava ligado mas em suspenso, acordei o pc e abri o site da TVIPlayer


E claro fui logo pesquisar o 'Você na TV' e fiquei super interessada no que a psicóloga e escritora, Vera de Melo dizia sobre como lidar com esta nova situação que todos nós de uma maneira ou de outra estamos a viver que é esta pandemia que nos veio trocar as voltas todas e nos obrigou a todos a parar e respirar fundo e por na balança o que realmente importa e o que é que realmente importa? importa viver, amar, importa saber sentir empatia e compaixão por nós mesmos e pelo outro embora por vezes isso seja um bocado difícil.

Também fique muito interessada quando ao minuto;  2:04:01 me deparei com a noticia monstruosa dos indivíduos que abusaram das filhas netas e sobrinhas durante mais de 40 anos a psicóloga Vera Melo tem razão em tudo o que disse.
Só quem foi vítima deste tipo de abusos é que poderá alguma vez avaliar e sentir o que é ter um medo tão mas tão terrível do seu algoz que fica completamente tolhido e paralisado pelo terror, há 51 anos atrás eu fui à policia com uma amiguinho também ele com a mesma idade que eu tinha na altura, sete anos e foi aquele menino que me influenciou a ir à policia fazer queixa contra a pessoa que andava a violar desde os 4-5 anos de idade, o policia com quem nós falamos olhava-me de alto a baixo, quem falava era o Jorginho o meu amiguinho porque eu era ainda muito taralhouca e tinha muita dificuldade em articular palavras em português apesar de entender a língua na perfeição, o policia mirava-me com um sorriso estranho que eu entendi anos mais tarde quando comecei de a entender expressões faciais que ele se ria de mim esse mesmo policia perguntava num tom estranho como é que o meu pai fazia onde é que ele metia o pénis se o metia no botão de rosa (nome dado à vagina das meninas naquele tempo) ou se o metia dentro do meu rabinho e eu só me lembro de me sentir só e desamparada mais o meu amiguinho, caminhamos os dois juntos o Jorginho segurando-me a mão com lágrimas nos olhos e o rosto corado de frustração e eu com o meu ar já resignado até chegarmos à porta da habitação onde eu morava e ele voltou para trás para casa dos pais dele que eram os senhorios do prédio onde eu morava com a família, lembro-me de entrar em casa e sentir puxada de repente para o ar pelo pescoço e de tudo ficar escuro à minha volta e quando reabri os olhos estava no chão a levar pontapés do meu pai e a minha madrasta a dizer 'para Nelo não a mates aqui! olha o que é que os vizinhos vão dizer' e nessa mesma noite depois de levar uma carga de porrada, murros e pontapés foi novamente violada por ele e no dia a seguir voltei a levar uma carga de porrada, e depois disso seguiram mais 9 anos a ser violada, espancada e humilhada pelo meu pai a espancada e humilhada pelo meu irmão e madrasta. As pessoas cochichavam quando me viam ou quando passavam por mim ou eu por elas por isso eu acredito que elas devia de saber ou pelo menos desconfiar de que algo não estava bem com aquela família mas nunca ninguém disse ou fez nada. eu digo a quem me pergunta, que o meu pai já faleceu mas na realidade eu não faço a mínima ideia se ele é vivo ou morto esse homem desapareceu da minha vida há 37 anos atrás quando a minha filha tinha pouco mais de um ano de vida.



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